quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

CONHEÇA UM POUCO SOBRE MICROCEFALIA

Microcefalia

Recém-nascido tem a cabeça medida para verificar microcefalia

O que é microcefalia?

Microcefalia é o nome que se dá quando uma criança tem a cabeça menor do que o considerado padrão. Não é exatamente uma doença, e sim um sinal de que o cérebro pode não estar crescendo como deveria.

É o crescimento do cérebro que faz o crânio crescer.

Se o cérebro realmente não se desenvolve, a criança pode vir a ter deficiências intelectuais e físicas, em variados graus. Mas é possível uma criança ter microcefalia e não ter atrasos.

É importante lembrar que o cérebro é um órgão ainda bastante misterioso e surpreendente, e são muitos os casos de problemas cerebrais em que as crianças se desenvolveram muito melhor do que previam os médicos.

Como a microcefalia é diagnosticada?

Ainda no útero, a microcefalia pode ser diagnosticada por ultrassom, quando a medida da cabeça (perímetro cefálico), quando comparada com outras medidas do feto e com a idade gestacional, fica abaixo do esperado.

Tenha em mente que no ultrassom a medição pode não ser exata, porque depende da habilidade do profissional, da posição do bebê e da qualidade do equipamento.

Quando o bebê nasce, a microcefalia é diagnosticada com uma simples fita métrica.

As autoridades brasileiras estão determinando, para efeito de monitoramento, que serão considerados casos suspeitos de microcefalia recém-nascidos (desde que nascidos depois de 37 semanas) com perímetro cefálico de menos de 32 cm.

Apenas a medida não é suficiente para determinar se há malformação. É preciso levar em conta também:

  • A circunferência cefálica dos pais (se os pais também tiverem a cabeça pequena, pode ser apenas uma característica hereditária).

  • O fato de o bebê ter nascido de parto normal. É recomendável repetir a medida do perímetro cefálico 3 ou 4 dias depois do parto, porque a cabeça do bebê tem a capacidade de "afinar" para passar pelo canal de parto, e demora alguns dias para voltar ao normal.

  • As proporções do corpo da criança. Uma criança de estrutura pequena tende a ter uma cabeça menor.

Em que momento é possível diagnosticar com certeza a microcefalia?

Como a microcefalia surge porque o cérebro para de crescer, demora um certo tempo para percebê-la em exames.

Por exemplo, se o problema que deflagrou a microcefalia tiver acontecido no primeiro trimestre da gravidez, pode ser que no ultrassom morfológico do segundo trimestre, por volta de 20 semanas, o tamanho da cabeça ainda esteja dentro do normal, e só num ultrassom mais adiante a microcefalia seja percebida, ou mesmo após o nascimento.

A microcefalia pode só ficar evidente depois de o bebê nascer. O bebê pode ter um perímetro cefálico normal ao nascer e a cabeça parar de crescer no ritmo esperado nos meses seguintes. É por isso que a medida do perímetro cefálico faz parte dos procedimentos das consultas de rotina no pediatra.

O que provoca a microcefalia?

Em muitos casos, a causa da microcefalia não é conhecida. Entre os motivos conhecidos de microcefalia estão:

  • Síndromes ou problemas genéticos, como a síndrome de Down, trissomia do 18 e do 13, entre centenas de outras. Em caso de síndrome genética, pode haver malformações em outras partes do corpo;

  • Infecções sofridas pela mãe durante a gravidez, como a rubeola, citomegalovírus, toxoplasmose, sífilis e possivelmente a zika;

  • Exposição da mãe a agentes teratogênicos durante a gravidez (radiação, substâncias químicas, consumo de álcool ou drogas);

  • Craniossinostose ou cranioestenose: fechamento prematuro das moleiras do bebê. Nesse caso, o problema inicial é com os ossos do crânio e não com o cérebro;

  • Desnutrição, fenilcetonúria ou diabete mal controlada na mãe durante a gestação;

  • Lesão ou trauma no cérebro do bebê, por exemplo na hora do parto. Nessa situação, a microcefalia só aparece conforme o bebê vai crescendo.

Exames de imagem como ressonância magnética e tomografia computadorizada podem dar indicações da causa da microcefalia. A presença de calcificações aponta para algum tipo de infecção.

O bebê com microcefalia terá um desenvolvimento normal?

Apenas pela medida da cabeça, não é possível saber se o bebê vai se desenvolver normalmente ou não. Tudo vai depender da situação do cérebro.

Os resultados de exames como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética podem dar indícios sobre eventuais malformações no cérebro. Quando o cérebro é também menor que o padrão, o distúrbio pode ser chamado de microencefalia.

Mesmo com as imagens do cérebro nas mãos, o médico não tem como saber com exatidão quais deficiências ou problemas a criança pode ter conforme for crescendo.

Os problemas mais comuns em crianças com microcefalia são atraso intelectual e motor, paralisia cerebral, epilepsia, distúrbios oftalmológicos, hiperatividade.

Crianças com microcefalia são acompanhadas por um neurologista pediátrico e outros especialistas para observar eventuais atrasos no desenvolvimento.

Em princípio, quanto menor for a cabeça da criança, maior a gravidade das sequelas, mas essa correlação não é totalmente comprovada.

Qual é o tratamento para a microcefalia?

Infelizmente não é possível recuperar o crescimento perdido no cérebro, nem fazer o crânio voltar ao tamanho normal -- com exceção dos casos de cranioestenose, que são raros.

Mas o acompanhamento constante da criança para introduzir terapias e estímulos o quanto antes contribui para o desenvolvimento intelectual e motor.

Podem ser usadas medicações e tratamentos para questões específicas. Por exemplo, se houver epilepsia, a criança pode tomar remédios para controlar as convulsões.

Há algo que eu possa fazer para evitar que o bebê tenha microcefalia?

Não exatamente. Você pode cuidar da sua saúde antes de engravidar e durante a gestação, e tomar medidas para tentar não se expor a substâncias tóxicas ao bebê nem pegar infecções que possam causar o problema.

Nem sempre isso depende da sua vontade, por mais que você se previna. Caso você pegue uma infecção que possa causar microcefalia, siga o tratamento indicado pelo médico. Em alguns casos, como em infecções virais como a zika, não há tratamento específico.

Não existe um exame durante a gravidez que possa garantir, com certeza absoluta, que a criança não terá o problema. Exames de ultrassom ajudam a monitorar o crescimento da cabeça do bebê, mas não há nenhuma intervenção, após a infecção, que possa evitar o surgimento da microcefalia, caso tenha havido dano ao tecido cerebral.

E, se ela de fato nascer com microcefalia, além das intervenções e tratamentos iniciados o quanto antes, o que fará mesmo diferença na vida dela é o apoio e carinho da família, para que ela se desenvolva da melhor forma possível.